O semestre que passou

Sim, eu sei, andei meio sumido daqui.

Mas não se preocupem: sigo vivo, lúcido, respirando e me alimentando normalmente! Apenas ocupado e talvez sem inspiração para escrever aqui. Vamos a uma breve retrospectiva do que os leitores (ainda os tenho?) perderam nesses últimos meses.

  • Sobrevivi, ao que parece, a mais um semestre de inverno. Dessa vez, andei fazendo umas cadeiras de História Antiga, um Seminário sobre Conflitos Sociais no final da República Romana, ministrado pelo filho de um finado técnico de futebol alemão. Que curioso, não? Fui jogar no Google o nome do professor, na melhor das intenções, só para saber o que ele já havia publicado e coisa e tal, e dou de cara com uma entrevista com a mãe dele (viúva do famoso técnico) ao Bild Zeitung, o maior tabloide alemão. A internet nos proporciona gostosas surpresas.

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Auf Wiedersehen, 2015

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Pátio da biblioteca central da Uni Tübingen, outono de 2015

Mais um ano vai chegando ao fim e eu me sinto na obrigação de aproveitar o tempinho extra das férias para atualizar este querido blog.

No âmbito pessoal, muita coisa aconteceu neste ano. Terminei meu estágio na Bosch, passei as férias de inverno no Brasil, estudei, gravei entrevistas para a CampusTV. Mergulhei de cabeça (ou pelo menos entrei na água até a cintura) na Idade Média, comecei a me aprofundar na Idade Antiga (sobre esse semestre de inverno: em breve um post), me interessei mais por História. Passei mais horas em frente ao computador do que gostaria. Suei para caramba nesse verão infernal que teve este ano (sem ar condicionado!). Joguei capoeira. Revi grandes amigos, conheci pessoas novas, me esforcei para manter os laços com as antigas. Até mesmo me casei(!), aqui mesmo em Tübingen.

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Acreditem quando eu digo que o verão foi quente!

É, amigos, muitas emoções eu senti. Mas vou parar por aqui, antes que este texto se torne uma letra do Roberto Carlos.

2015 (assim como qualquer ano, diga-se de passagem) também foi cheio de acontecimentos marcantes na Alemanha e na Europa. Continuar lendo

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O tageszeitung sobre a América Latina: “continente esgotado”

Mais uma reportagem traduzida trazida a vocês pelo Diário de Tübingen. O jornal die Tageszeitung, de Berlin, trouxe um texto bastante crítico sobre a esquerda latinoamericana após a vitória do conservador Mauricio Macri na Argentina. O taz, como é chamado, é, ele mesmo, um jornal de esquerda. Mesmo assim, não poupa críticas à esquerda latina, que na visão do autor, está entrando numa crise. Concordam com a tese do texto?

O texto original encontra-se nesse link.

Ensaio: esquerda latinoamericana em crise

Um continente esgotado

Na América Latina, os governos de esquerda falharam. As novas políticas da direita serão implementadas às custas dos pobres.

Mauricio Macri

O rosto da nova direita na Argentina: Mauricio Macri. Foto: ap

Por Bernd Pickert

Aconteceu no último fim de semana: uma vitória apertada, mas clara do candidato conservador Mauricio Macri no segundo turno para a presidência da Argentina encerrou a era de doze anos de governos Kirchner. Dessa maneira, os governos latinoamericanos de esquerda perderam um importante aliado. Muitos acreditam que o resultado da eleição argentina foi apenas o começo do fim do poder da esquerda na América Latina em geral.

No dia 6 de dezembro, um novo parlamento será eleito na Venezuela. Algumas pesquisas prevêem que o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do governo, perderá sua maioria – no entanto, em um país profundamente polarizado há anos, tais pesquisas são sempre questionáveis. Continuar lendo

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Alguns fatos sobre refugiados

Desta vez, traduzi para vocês um levantamento feito pelo jornal local Schwäbisches Tagblatt sobre o principal assunto dos últimos meses na Alemanha: os refugiados. Vamos à reportagem!

Perguntas e respostas, boatos e números

Um tira-teima sobre refugiados

O que há de verdade sobre os julgamentos sobre os requerentes de asilo que vêm para a Alemanha? A maioria deles é mesmo composta por migrantes econômicos? É preciso ter medo deles? Eles estão enriquecendo às nossas custas?

Por Sabine Lohr e Hannah Schlenker

Refugiados em Meßstetten, Baden-Württemberg. Foto: SWR

>> A Alemanha absorve o maior número de refugiados. Falso. De acordo com a agência de refugiados da ONU, atualmente 60 milhões de pessoas em todo o mundo estão em condição de refugiados. Este é o maior número já registrado pelo ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, a agência da ONU para refugiados). Sobre a distribuição entre os países individuais só estão disponíveis dados de 2014. A maioria dos refugiados (1,6 milhões), foram absorvidos pela Turquia, seguida pelo Paquistão (1,5 milhões), Líbano (1,2 milhões), Irã (980 000), Etiópia (660.000) e Jordânia (650.000).

No que diz respeito à Europa, no entanto, a afirmação é verdadeira. Em 2014 haviam 173.000 novos requerentes na Alemanha, enquanto que neste ano foram 222.000 requerentes até agosto. Na Suécia, 75.000 novos candidatos foram registrados no ano passado, enquanto que em 2015 já foram 45 000. A Hungria registrou este ano 143.000 requerentes 41.000 em 2014.

>>Nunca houve tantos pedidos de asilo como agora. Falso. Em 1992, 438.000 pessoas pediram asilo na Alemanha – eles vieram, principalmente, devido à guerra civil na Iugoslávia. Neste ano, 303.000 pedidos de asilo foram registados até outubro na Alemanha, de acordo com o Serviço Federal de Migração e Refugiados. O estado de Baden-Württemberg absorveu 52 000 pessoas naquela época – o mesmo número de 2015, até o mês de setembro.

>>A maioria dos refugiados são migrantes econômicos. Falso. A maioria dos refugiados (41 por cento) que vêm para a Alemanha são da Síria. 23,1 por cento vêm dos Bálcãs. Esses dados são fornecidos pelo Serviço Federal de Migração e Refugiados. No fim de agosto, 41,4% dos refugiados no distrito de Tübingen vinha dos países dos Bálcãs, 13,4% da Síria e 21,4% de países africanos, segundo dados da administração. Continuar lendo

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Eu sei o que você fez no (semestre de) verão 2015

Minha semana durante o semestre

Minha semana durante o semestre

Eu sabia que estava faltando alguma coisa nesse blog: todo semestre eu faço uma pequena descrição das aulas que estou fazendo aqui na universidade. Pois neste semestre de verão 2015, a falta de tempo (aliada á preguiça) acabou me impedindo de escrever o post durante o semestre, motivo pelo qual estou postando-o já no período de férias. Azar, antes tarde do que nunca! Vamos aos fatos:

SEGUNDA-FEIRA

Várias das minhas segundas-feiras começaram com uma aulinha de Latim das 10:15 às 11:45, para refrescar os conhecimentos na língua que eu perdi durante o semestre anterior, que passei fazendo estágio. Curso informal, não valia nota nem nada, ministrado por uma aluna mesmo. Confesso que em algumas das vezes acabei não indo, pois preferi usar este tempo para estudar para outra matéria mais importante. Continuar lendo

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Memórias do 7 a 1 na mídia alemã

Hoje trago a vocês dois textos sobre esse jogo vexaminoso para o Brasil e glorioso para a Alemanha que completou um ano neste 08 de julho de 2015, Os textos foram tirados de portais de “notícia” alemães. Por que as aspas? Pois o primeiro texto trata-se de uma notícia falsa, de um site de paródia chamado Der Postillon, parecido com o nosso Sensacionalista ou piauí Herald. Já o segundo texto, apesar do tom descontraído, é tirado do site do Frankfurter Allgemeine Zeitung. Boa leitura!

Presidente alemão Gauck deposita coroa de flores para as vítimas brasileiras do 08 de julho de 2014

Gauck

Belo Horizonte – O presidente alemão Joachim Gauck participou hoje, em Belo Horizonte, de uma cerimônia em memória ao primeiro aniversário do chamado “Mineiraço”, que entrou na história do futebol. Juntamente com a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, além de muitos políticos e funcionários, ele lembrou as vítimas da seleção alemã.

Em seguida, Gauck sublinhou em seu discurso a responsabilidade alemã no acontecido, mas também deu apoio moral aos brasileiros, dizendo que as feridas da humilhação um dia poderão curar. Continuar lendo

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Reportagem da UniSPIEGEL elogia o ensino universitário em Baden-Württemberg

Mais uma reportagem traduzida, dessa vez um texto tirado da Unispiegel, revista voltada para o público universitário da Der Spiegel. Confiram.

Tübingen ao invés de Berlim: estudar em Baden-Württemberg é melhor

Por Jan Friedmann (texto) e Julia Busch (ilustrações)

Em nenhum lugar na Alemanha há uma taxa de desistência tão pequena quanto nas universidades do sudoeste. (Foto: Spiegel Online)

Ok, Berlim é mais bacana do que Stuttgart ou Tübingen. Mas em se tratando de ensino universitário, o sudoeste ganha. As universidades têm mais dinheiro do que em outros lugares, os alunos têm um acompanhamento melhor – e a taxa de desistência entre eles é menor.

O sol da tarde brilha através das grandes janelas do magnífico salão do palácio do governo em Stuttgart enquanto o ministro-presidente (equivalente a governador) do estado de Baden-Württemberg Winfried Kretschmann se permite um pouco de auto-elogio. Ele diz estar feliz de poder cumprimentar tantos “professores de destaque” nesta noite. O termo combina com a situação, já que “a política educacional aqui também é de destaque”. Para Kretschmann, uma frase do grande reformador educacional prussiano Wilhelm von Humboldt ainda se aplica: “Os bem-estudados são a classe humana mais difícil de dominar e de satisfazer”. Os professores universitários presentes dão risada e ele vai para a sala anterior, onde um suntuoso buffet com filé bovino e Spätzle espera.

Uma boa atmosfera impera na recepção do governo estadual para o Conselho Científico – o que não se deve apenas às palavras de Kretschmann e à boa refeição. Todos eles concordam: em Baden-Württemberg, os bem-estudados e aqueles que querem sê-lo estão um pouco melhor do que no resto da república. Continuar lendo

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Sol, fantasias e óleo de fígado: a Stocherkahnrennen 2015 em Tübingen

Ocorreu na quinta passada, dia 04/06, a edição 2015 da Stocherkahnrennen. Participei da cobertura do evento pelo blog Neckarstudent, assim como ano passado. Dessa vez, fui autor de uma videorreportagem e ajudei a editar outra. Confiram abaixo o que saiu no blog e na mídia em geral sobre a gloriosa e simpática corrida de canoas tubinguense, que completou 60 anos em 2015.

Em primeiro lugar, vou aproveitar para puxar a brasa para o meu assado – fui o autor da videorreportagem abaixo, que conta um pouco da história da corrida, criada em 1956. O dono do blog Neckarstudent conseguiu uma entrevista com o irmão de um dos criadores da corrida (já falecido), na época morador de uma fraternidade (Verbindung em alemão) chamada Haus Lichtenstein em Tübingen. Segundo ele, tudo surgiu como uma brincadeira: para inaugurar a canoa nova da casa, os estudantes decidiram inventar uma corrida no rio Neckar com as outras fraternidades, totalizando cerca de 7 participantes na primeira edição (não temos o número exato). De lá para cá, a corrida expandiu-se e atualmente conta com quase 50 equipes.

Pois bem, de posse dessa entrevista em vídeo, nós completamos com uma entrevista com um dos participantes da atual equipe da casa que participou este ano, justamente o Stocherer, ou seja, o sujeito que fica em pé e impulsiona a canoa para a frente com uma vara de madeira. Não entendeu? Clique aqui e compreenda com a ajuda de um vídeo. Confiram a reportagem no vídeo abaixo, que também conta com imagens históricas da corrida nos anos 50 e 60. Narração e edição deste que vos fala:

Antes da corrida em si, acontece o concurso de fantasias, durante o qual as equipes desfilam perante o público e um júri escolhe a mais criativa. A equipe vencedora ganha um leitão assado, ou melhor, um cupom para poder comer o tal leitão assado, já que seria um tanto difícil remar uma canoa com a barriga cheia de carne suína. Sendo Tübingen uma cidade tão consciente aquanto ao meio ambiente, é capaz de um dia desses oferecerem um leitão assado de tofu. Aguardemos.

Mas chega de lero-lero, vamos à matéria sobre o divertido concurso de fantasias:

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Músicas que são alemãs e você nem sabia

Da série “coisas que eu não sabia até pouco tempo”.

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Exposição mostra a história da Uni Tübingen durante o regime nazista

Confiram abaixo reportagem do jornal Schwäbisches Tagblatt sobre uma exposição que está rolando em Tübingen sobre um período negro da história da universidade. Tradução deste que vos fala. Fotos não me pertencem.

Exposição sobre a “universidade no Nacional-Socialismo” no castelo Hohentübingen

A universidade considera uma obrigação sua contribuir para o esclarecimento da história da universidade durante o regime nazista. A exposição “Pesquisa, Ensino, Injustiça” contribui para uma prestação de contas do passado e traz à luz a influência da ideologia nazista na pesquisa, no ensino e no estudo.

LORENZO ZIMMER

Tübingen. Em meio a esculturas de gesso no grande salão do Museu da Universidade no castelo Hohentübingen seis cubos pretos encontram-se abertos ao público. Dentro deles: os anos negros, os anos marrons*  da ciência e do ensino em Tübingen. A exposição é dividida em seis temas principais. Ernst Seidl, diretor do museu, inaugurou ontem à noite (21/05) a exposição com o título “Pesquisa, Ensino, Injustiça. A Universidade Tübingen no Nacional-Socialismo”.

Em um dos seis cubos, o “reitor-Führer” Herrmann Hoffmann encara os visitantes com semblante sério e vestindo o uniforme da Sturmabteilung. À direita, sua máscara mortuária. Fotos: Metz/Schwäbisches Tagblatt

“Os cubos escuros simbolizam a escuridão, na qual o visitante pode mergulhar ao se inteirar da temática”, diz Seidl sobre o conceito da composição. Além disso, eles estão virados 12 graus em direção ao eixo central do salão retangular – doze anos foi o tempo que durou o reino de terror dos nazistas. “Quando alguém está em um dos cubos, a pessoa sente-se orientada, mas o alinhamento em relação ao resto do salão está torto”, diz Seidl. Isso também combina com os acontecimentos no Terceiro Reich. Cada um dos seis cubos é dedicado ao seu próprio tema e no geral os objetos expostos compõem um panorama assustador, da cooptação da universidade e da sua integração na hierarquia nazista. “Essa exposição é muito ousada devido à complexidade do tema”. Assim descreve Seidl as reflexões e dificuldades durante os preparativos. A exposição acompanha as palestras do Studium Generale**, juntamente com a exposição sobre a pesquisa racial-biológica de Hans Fleischhacker e uma série de filmes no cinema Kino Museum em Tübingen. Continuar lendo

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